Gestão de portfólio de produtos
Por que algumas empresas decidem ter mais de um produto? Como elas fazem para gerenciar esse portfólio de produtos? Por que outras preferem se focar em um único produto? Foco ou diversificação, qual é a estratégia mais apropriada? Como organizar o time de desenvolvimento de produtos de acordo com a estratégia escolhida?
Esses temas são os que considero como sendo tópicos avançados de gestão de produtos digitais, e é o que veremos nesse e nos próximos artigos!
Já está pensando em seu novo produto? Não? Então já está atrasado…
Você sabia que o Google tem 222 produtos ativos além de 112 produtos descontinuados? Essas são as estatísticas do Google em julho de 2017. E quantos escritórios o Google tem espalhados pelo mundo? Tentei contar no mapa a seguir, mas não consegui. Parece mais um mapa do jogo de tabuleiro War, com o Google conquistando o mundo.
A Locaweb, guardadas as devidas proporções, também tem uma estratégia parecida. Temos mais de 25 produtos e já descontinuamos mais de 10. Além disso, a Locaweb tem escritórios em Porto Alegre, Marília e Blumenau.
Outro exemplo é a Caelum, como veremos mais tarde. Ela tem serviços de consultoria e de aulas presencias de desenvolvimento de software em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília. Tinha um serviço de desenvolvimento de software sob demanda que foi descontinuado, e criou um serviço de aulas online e uma editora.
Por que essas empresas usam essa estratégia de diversificação de portfólio e de conquista de novos mercados?
Para responder a essa pergunta, precisaremos relembrar alguns conceitos da curva de adoção de tecnologia que vimos no capítulo Como é o ciclo de vida de um produto de software?:
- Inovação: essa é a fase em que o novo produto é criado. Nessa fase o produto ainda está incompleto e tem erros, mas pessoas que gostam de testar coisas novas adoram usar esses produtos, querem ser sempre os primeiros a experimentá-los. Essa é a fase em que estamos tentando encontrar o product-market fit, ou seja, se temos um produto que de fato resolve o problema de um conjunto de pessoas.
- Abismo: quando não encontramos o product-market fit, temos que descontinuar o produto, pois o produto não terá usuários e, consequentemente, não trará o retorno necessário que justifique sua manutenção.
- Crescimento: nessa fase já encontramos o product-market fit, passamos pelo abismo, e o produto faz sua curva de crescimento acelerado, quando vai conquistando o mercado.
- Maturidade: depois do crescimento, vem a maturidade, isso é inevitável. Isso acontece com qualquer produto que passa pelo crescimento, pois todo mercado é finito. Nessa fase o crescimento começa a desacelerar.
- Fim de vida: em algum momento da maturidade podemos chegar à conclusão de que devemos descontinuar o produto. Esse é o fim de vida do produto.
Todo produto passa por 4 ou 3 dessas fases. No cenário feliz o produto vai da inovação ao crescimento à maturidade ao fim de vida. E quando o produto não cruza o abismo, o produto vai da inovação ao abismo ao fim de vida.
Consequentemente, uma empresa de um único produto vai eventualmente:
- Não cruzar o abismo: a empresa não consegue fazer seu produto ir além dos entusiastas e, consequentemente, não terá clientes para sobreviver. Esse é um dos motivos da morte prematura de muitas startups.
- Amadurecer: seu produto vai dar certo e a empresa vai eventualmente chegar ao topo da curva S, e desacelerará até que alguma outra empresa invente um produto que substitua o seu. Veja a Kodak que, até hoje, não se recuperou da invenção das máquinas digitais, pois tinha sua receita vinda primariamente da venda de filmes e material fotográfico.
Para citar a “Rainha das Ciências”, a matemática: Q.E.D.
Q.E.D.
Quod erat demonstrandum é uma expressão em latim que significa “como se queria demonstrar”. É usual aparecer no final de uma demonstração matemática com a abreviatura Q.E.D., ou na versão em português C.Q.D.
Fonte: Wikipedia
Concluindo
Entendendo a curva S de adoção de tecnologia e o conceito de abismo que existe nessa curva entre os entusiastas e os pragmáticos, é fácil perceber a necessidade de diversificação de portfólio que as empresas têm. Contudo, perguntas ficam ainda sem resposta:
- Que opções existem para diversificar o portfólio de produtos?
- Como fazer para gerenciar um portfólio de produtos?
- Por que algumas empresas optam pelo foco em um único produto mesmo estando claro (como descrito anteriormente) a necessidade de diversificação de portfólio de produtos para a sua sobrevivência?
Essas perguntas serão respondidas nos próximos capítulos.
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